domingo, 3 de agosto de 2008

Van Halen - F.U.C.K.


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Poundcake, antes de mais nada, vale a pena lembrar o que o Eddie usa em "Poundcake" para fazer aquela verdadeira muralha de som que a música possui. Ele grava 02 takes de bases usando uma guitarra de nome Roger Giffin de 12 cordas. Essas guitarras possuem captadores Smith, que seriam um híbrido entre um humbucker e um single coin. Detalhe: o Roger Giffin foi funcionário da Gibson por 12 anos. A primeira música gravada para o "F.U.C.K." foi a "Judgement Day", como eu havia afirmado antes. Logo após a gravação dessa música, a Ernie Ball enviou a primeira guitarra Music Man desenhada com o auxílio do Eddie Van Halen. O primeiro protótipo era confeccionada com uma madeira diferente. Após umas 03 ou 04 modificações solicitadas pelo Eddie, chegou em suas mãos o modelo amarelo que ele tanto usa; foi AMOR a primeira vista. Com esse modelo ele grava os solos da "Poundcake" que foi composta bem devagar, embora a letra tenha aparecido num dia de inspiração do Sammy Hagar. Então, a música já estava praticamente pronta quando o Amplificador Soldano precisou trocar as válvulas para dar prosseguimento a gravação do disco. Após abrir a parte traseira do amplificador, o Matt Bruck (assistente do Eddie) deixa a furadeira Makita em cima do amplificador e o Eddie, meio distraído, acaba derrubando a furadeira ao bater o braço da guitarra no amplificador. Daí, ele pega a furadeira e, sem querer, aperta o aparelho e ele faz um som engraçado no outro amplificador ao qual o Eddie estava ligado. Aquilo deixa ele louco e ele chama o Andy Johns e pergunta se eles não poderiam utilizar aquele som que o captador da guitarra pegou em alguma música. Ora, no mesmo momento o Andy fica pensando na "Poundcake" sem uma introdução definida e sugere o uso da Makita no início da música - o Eddie aproveita e regrava o solo e inclui a furadeira em algumas partes deste. E essa é a história de como a Makita Wireless Drill entrou para a música "Poundcake". Tudo na vida do Van Halen acaba acontecendo sem que a banda force a barra;
Se por um acaso você tinha dúvidas ou não sabia o que se passa no começo de "Poundcake", os seus problemas acabaram. Eis o pequeno diálogo que ocorre entre o Eddie e o Alex no início da música:
Alex - "Ain't that some shit."
Eddie - "Ok, ready to go?"
Alex - "Yeah!"
Eddie - "Yeah?"
Alex - "Let's do it."
Eddie - "A'right."
Cuidado: para ouvir esse diálogo, você terá que colocar o volume no máximo e, ainda assim, a conversa sairá numa altura meio baixa. Mas logo em seguida a furadeira Makita entra em ação e o volume vem arrebentando.

Judgement Day, em 1990/1991, depois de escolherem o produtor Andy Johns, que havia trabalhado com o Led Zeppelin e The Rolling Stones, a banda e o produtor perguntam ao Eddie quantas músicas ele já havia feito ou quantos riffs ele poderia apresentar para iniciarem os ensaios e a gravação de um novo disco. A resposta do Eddie foi:
- “Hell, I got nothing. Well, give me until....uh,... tomorrow. I'll get something."
Daí, ele passa a noite com o violão e acaba compondo "Judgement Day". O termo que ele usou para definir os riffs da música foram "A Real Headbanger Stuff".
Como o estúdio 5150 esteve em reforma no início de 1990 (foi instalada uma nova mesa contendo 36 canais com GML automation e criada uma sala só para a bateria, o que dobrou o tamanho do estúdio), o Eddie praticamente passou um ano inteiro sem encostar em uma guitarra. Essa música foi gravada antes da apresentação da guitarra que se tornaria o xodó do Eddie naqueles dias: a Music Man Ernie Ball. Ele utilizou a sua companheira de longa data, Frankenstrat, para a gravação.

Spanked, a criação da música "Spanked" possui uma história bem interessante. O Andy Johns, produtor dos discos "F.U.C.K." e "Live: Right here, Right now", ao chegar pela primeira vez no 5150, o estúdio, achou-o pequeno, apesar da reforma que este sofrera em 1990/91. Dai, ele desistiu da idéia de ter dois engenheiros de som ao seu lado (ele trabalhou só com o Ken or "Murray" Deane). Mas ele ficou muito impressionado com as caixas de som que ficam no estúdio e que permitem ouvir o resultado do que foi gravado. O tempo todo ele dizia que aquilo "espancava a cabeça do ouvinte". O Eddie não aguentava e ria sem parar quando o produtor inglês insistia em dizer 'Spanked' o tempo todo. O Eddie é viciado em televisão; O Sammy não gosta muito, mas durante um intervalo ou outro das sessões de gravação do "F.U.C.K.", ele ligava a TV e ficava viajando no controle remoto, até que um Comercial de Tv chamou sua atenção. O comercial falava de um número de telefone para você ligar e se sentir aliviado e de bem com a vida ao conversar com mulheres do outro lado da linha. 0 número do telefone era: 1-900-SPANKED. Engraçado é notar os preços que o Sammy fala: "Free dollars - first minute, After that, cost you Four". Os telefones americanos têm programação para usar as letras, além dos números, é claro. Desse comercial é que surgiu a letra de "SPANKED", vez que o título eles roubaram da expressão usada pelo Andy Johns. O Chefão à época da Warner Bros. e responsável pela contratação do VH em 1977, Mo Ostin, reagiu assim ao ouvir pela primeira vez a música, antes do lançamento do "F.U.C.K.": "Gee guys, that's er.......nice".

Runaround, assim como no disco "OU 812", as músicas compostas para o "F.U.C.K." foram feitas uma a uma, só que, dessa vez, sem pressa e todo o processo de gravação, mixagem, masterização, fotos, e tal levou um ano inteiro para ser executado. Então, a criação de "Runaround" foi mais ou menos assim: o Eddie aparece com uma idéia e mostra a todos da banda que opinavam "sim" ou "não" para as bases apresentadas. Daí, rolava umas jam sessions e o esqueleto da composição era gravado e alterado com as opiniões de cada um. Foi um desses processos de trabalho conjunto que criou a música de "Runaround" - as primeiras bases apresentadas foram a do chorus e a base de introdução. Guitarra usada pelo Eddie: há controvérsias – uns dizem se tratar de uma Fender Telecaster e há rumores de que teria sido a mesma Ernie Ball Music Man. Eu acho o timbre dessa música hiper diferente de todo o disco, então eu arriscaria dizer que se trata da Fender. O vídeo clip é muito legal e foi gravado em cima de uma plataforma circular que podia mover-se a uma velocidade máxima de 27 km/h. Diz o Michael Anthony que, por duas vezes, ele esqueceu desse detalhe e foi parar nos bastidores do set de filmagem, arremessado fora do tablado.

Pleasure Dome, a música "Pleasure Dome" foi meio que montada pelo Alex Van Halen a partir de 03 riffs que o Eddie possuia há vários anos, mas que não haviam gerado uma música até aquele momento. Na "Pleasure Dome" pode-se encontrar o momento mais pesado do disco e, por conseguinte, essa é a música que o Alex escolhe para fazer seu solo de bateria quando na turnê do disco. A decisão de incluir "Pleasure Dome" no "F.U.C.K." foi do Alex e do produtor, Andy Johns, principalmente porque se repetiu o clima de Led Zeppelin nessa música e na "Spanked". O Alex Van Halen certamente deve ser o baterista que há vários anos é o mais ligado a hereditariedade deixada pelo John Bonham, pois ele usa a mesma bateria (Ludwig), os mesmos pratos (Paiste) e tem a mesma pegada e atitude para com o instrumento. O Eddie utiliza a Steinberger Trans Trem GL2T equipada com captadores EMG Humbucking na gravação.


In 'N' Out, ao contrário do que muitos pensam, a letra de "In & Out" não está relacionada, em momento algum, a sexo. Quando da gravação do "F.U.C.K.", aconteceu que um familiar do Sammy Hagar infelizmente veio a óbito e a família estava meio sem grana para fazer o enterro e o pessoal acabou ligando para o Sammy Hagar para dar a má notícia e pedir uma ajuda no enterro do familiar. É claro que o Sammy não criou caso e se dispôs a ajudar e a acompanhar todo o funeral. O que ele estranhou foi o fato do preço para enterrar o seu parente. Além dos gastos com o funeral, os impostos e taxas para a Certidão de Óbito eram excessivas, segundo a sua opinião. Daí, ele concluiu que era mais barato nascer do que morrer. A sua reação a essa conclusão foi a frase: deve-se pagar o mesmo valor para nascer ou para morrer. Ou seja: "Same amount, In & Out". Na aletra da música, ele até exagera e diz que as contas sempre o perseguiram desde o seu nascimento e isso é claro nos primeiros versos da letra de "In & Out". O trabalho de baixo que o Mike Anthony deu a essa música é um caso à parte. Ele grava de palheta nada menos que 03 takes que ficaram em definitivo no disco. São 03 linhas de baixo para uma única música. O Mike sempre usou 03 microfones dispostos 02 na diagonal e 01 direto na frente do Amplificador, mas o trabalho do engenheiro Donn Landee nunca foi caprichado para o baixo, até porque a estrela a bilhar era a guitarra do Eddie. Mas o Andy Johns, produtor do "F.U.C.K.", deu as manhas para o Mike e para o Eddie conseguirem captar o melhor som de baixo gravado nos discos do Van Halen.

Man On A Mission, talvez poucos saibam, mas o Eddie Van Halen é um exímio baixista, além de guitarrista e tecladista. E ele criou o riff inicial de "Man on a Mission" quando estava tocando baixo. Mais uma vez o Eddie usa a EBMM - Ernie Ball Music Man - para a gravação das guitarras.

The Dream Is Over,
"Pssshiu! Hey, come on, man. Wake up!". O Eddie usa um protótipo de um pré amplificador confeccionado pelo Bob Bradshaw nas bases dessa música. Ele usa a sua famosa EBMM amarela na gravação de "The Dream Is Over".

Right Now, o esboço dessa música foi mostrada ao Dave Lee Roth ainda em 1983, mas ele não deu muita atenção. O Eddie gravaa essa música com uma guitarra chamada Kramer Steve Ripley Stereo Guitar como instrumental para o disco "1984", mas ela fica como "leftover". Então, o Eddie meio que deixou a música de lado, mas vez ou outra ele ficava brincando com ela dentro de sua casa, na sala de estar, onde fica seu piano de calda Steinway. Até que ele e convidadopara compor a trilha sonora do filme “The Wild Life”, no qual possível ouvir trechos do que mais tarde nós conheceríamos como “Right Now”. O Sammy Hagar era intrigado com aquela obstinação e num surto de inspiração em sua casa (não muito distante da do Eddie), ele criou uma parte do pré-chorus e todo o chorus. Daí ele liga no meio da noite e pergunta ao Eddie se ele poderia repetir a música que ele vivia tocando no piano. O Eddie vai até a sala e toca a música e o Sammy do outro lado da linha vai cantando o que ele acabara de escrever. Fora o Sammy, a pessoa que o Eddie queria ver e ouvir cantando "Right Now" era o Joe Cocker, justamente porque o Eddie se lembrava do groove de "Feelin' All Right" e sonhava ter gravado a música com o Joe. Outro detalhe: a vontade do Eddie era de que a guitarra aparecesse somente na hora do solo, mas ele acabou ouvindo o Andy Johns e colocou os riffs que a gente conhece em toda a canção.

316, 16 de março de 1991 marca a data de nascimento do filho do Eddie e da Valerie Bertinelli, Wolfgang William Van Halen (Hospital St. John - Santa Monica/CA). O Eddie já tocava os riffs de "316" nos shows da turne do "5150" e do "OU 812", durante o seu solo. Daí, o produtor Andy Johns pediu ao Eddie se ele não gostaria de colocar algo acústico, mas que tivesse um significado diferente. Ora, o Andy já havia visto o Eddie ninando o garoto com aqueles acordes e propõe, junto com todos da banda, essa gravação, idéia da qual o Eddie topa na hora. Ele usa um violão Chet Atkins acoustic solid body com cordas de aço. Ele grava direto na mesa e coloca um efeito do Eventide Harmonizer depois. Uma bela canção de ninar, diga-se de passagem.

Top Of The World, você já havia reparado alguma semelhança entre "Jump" e "Top of the World"? Pois é verdade, elas guardam como semelhança o riff final (fade out) de "Jump" que irá ser o riff inicial de "Top of the World". Por insistência do Andy Johns foi que a música acabou entrando no disco e ficando de vez em nossa memória. Dizem que o "F.U.C.K." possui outras 06 a 08 músicas que ficaram de "leftover" e que, se não fosse a intervenção no fim do processo de gravação do Ted Templeman, haveria a possibilidade de sair um álbum duplo de estúdio. A bronca dele foi comparar o Van Halen com a megalomania do Guns'n'Roses que lançou na mesma época uns dois discos de estúdio. O Eddie usa a sua famosa 1958 Gibson Flying V "Hot for Teacher" na gravação dessa música. Me like it...

Um comentário:

Anônimo disse...

Fantástico, chefia. Queria ver mais histórias dessas. Aonde vc garimpou tanta informação???? j.zilli@uol.com.br