segunda-feira, 28 de julho de 2008

Led Zeppelin - In Trough The Out Door (1979)


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: musicsharing4all

E
m 15 de agosto de 1979 é lançado o "último Albúm" dos Zeppelins de chumbo, na época em que o Led Zeppelin gravou este albúm, que acabou sendo o seu último trabalho de estúdio, o mundo do rock tinha passado por muitas transformações; o rock Punk e os Sex Pistols já tinham aparecido e uma revolução musical era iminente. Enquanto o Led estava em baixo astral, surgiram novas bandas com atitudes bem positivas: positivamente contra o tipo de musica que o Led fazia. Os novos musicos, constrangidos pelos gigantes do rock – Led Zeppelin, Pink Floyd, Yes, etc. – que já lotavam os estádios por mais de uma década, não escondiam o ódio que sentiam pelas super-bandas ricas e famosas. A banda The Clash, por exemplo, anunciou com orgulho que tinham ansia de vomito ao ver um disco do Led.
Mas na verdade a musica dos Pistols e Clash não era muito diferente do ‘Rock de Pub’, uma musica mais underground e alternativa que sempre existiu durante os anos 70. Foi assim que as grandes bandas começaram, tocando um rock diferente, usando engradados de cervejas como palco.
Com a musica Punk, simplesmente o que aconteceu é que as bandas jovens e inexperientes tinham uma nova chance de entrar no mundo do rock e possivelmente conseguir a fama e a riqueza que tanto “odiavam”.
Interessante como, ao conseguir grana suficiente, muitas destas novas bandas rapidamente se mandaram para os Estados Unidos, ao contrário dos integrantes do Led que permaneceram na Inglaterra.
No entanto, Page e Plant receberam bem este novo movimento; eles visitavam pubs e clubes de Punks e concordavam que já estava na hora do rock tomar um novo rumo, afinal rock tem tudo a ver com a juventude rebelde. Eles se sentiam solidários a esta causa: as ambições de uma geração jovem, frustrada, que queria fazer parte da festa e deixar o seu marco. Mas o Led não era muito chegado ao abuso verbal que fazia parte deste movimento, não tanto por parte dos musicos, mas principalmente dos novos críticos que também queriam liberdade para fazer parte deste círculo alternativo.
Durante esta época hostil e turbulenta, o Led sofreu mais nas mãos da indústria de musica, promotores e DJs; aqueles mesmos que deviam sua existencia ao sucesso dos super-grupos como o Led. Estes se uniram a grande revolução Punk para destruir a imagem e a reputação do Led. Contudo, uma grande parte do público permaneceu leal as suas bandas de rock favoritas, ignorando o novo movimento. Mesmo quando era praticamente uma vergonha alguém admitir que gostava do Led, os fãs continuaram comprando seus discos e seguindo a banda que tanto fez parte de suas vidas. Para maior frustração daqueles que tentavam popularizar a musica eletronica e Punk, o Led continuou a vender discos, tickets e ter seu lugar nas paradas de sucesso. Mais importante que isto, ainda chegavam uns novos musicos que produziam albums dedicados a esta banda que sempre estava um passo a frente das outras.
Recuperado do acidente que sofreu em 75, Plant estava otimista e o grupo voltou a ter o entusiasmo que tinha antes. Em 77 eles receberam o premio Ivor Novello pela contribuição a musica na Gra-Bretanha. Na décima primeira turnê Americana, bateram seu proprio record tocando para uma audiencia de 76 mil em Michigan.
Porém, em julho de 77, Plant recebeu a noticia que seu filho de 5 anos, Karac, havia falecido. Inconsolável, voltou para a Inglaterra e o resto da turnê americana foi cancelada. Logo começaram os boatos que a banda ia se separar. Um ano se passou, com Plant se recuperando do trauma silenciosamente, as vezes tocando para os amigos e audiencias pequenas e selecionadas. Aos poucos, a coragem de encarar o público voltou, mas Plant nao tinha mais aquele otimismo e a certeza que queria fazer parte daquele ‘circo’ que o mundo da musica tinha se tornado. Ele disse: “ …isso é só show-business, o importante mesmo é a musica que fazemos, e não o que se fala por aí”. Ele admitiu que durante a fase de luto, largou a identidade de cantor de rock, deixando o Led Zeppelin de lado completamente.
Mas em 78 os fãs estavam prontos para te-lo de volta. A mídia continuava especulando sobre o futuro da banda, com estórias exageradas dos excessos de sexo e drogas, geralmente publicadas nos Estados Unidos. Com baixo astral, mesmo assim o Led continuou com seus projetos. Page negava o fim da banda e dizia que se sentia ofendido pelos boatos que o azar da banda estava implicado ao seu karma e ao satanismo.
Led tinha planos para voltar a tocar ao vivo, e surgiram propostas de turnês na Europa. Mas no fim decidiram que iriam só tocar em shows na Inglaterra no verão, como Knebworth.
Em novembro de 78 o Led se reuniu em Londres para ensaios. O grupo tomou um novo rumo, pois não queria ficar dependente de seu passado. In Trough The Out Door foi gravado em tres semanas, em dezembro de 78, no estudio do grupo Abba na Suécia. Page estimulou a banda a experimentar com o som, e o resultado foi, como exemplos, o samba na musica Fool In The Rain e os vários tons do teclado na musica Carouselambra. Nesta época o Jonesy era o mais entusiasmado do grupo, e isto se nota nas musicas do disco. Page disse do album; “…os tempos mudaram, e nós acabamos criando uma coisa diferente. Gravamos o album no meio do inverno, no meio da Suécia. O estudio era muito bom, e os engenheiros altamente especializados. O ambiente era diferente, novo, e nos sentíamos praticamente prisioneiros no estudio. Não que tenha sido chato, mas o clima era outro.”
Page levou as fitas para sua casa na Inglaterra e trabalhou nelas em seu próprio estudio. Depois a banda, menos o Jonesy, voltou para a Suécia em fevereiro de 79 para completar a mixagem.


In The Evening, na guitarra e no teclado, Led construiu um som mais atualizado que muitas bandas de prog-rock da época, saindo da ‘viagem’ dos anos 70 e antecipando o tecno-rock dos anos 80 – graças a nova tecnologia que deu ao grupo uma dimensão na musica que só tinham conseguido antes quando gravavam seus sons nas escadarias de velhas mansões. Foram muito bem-sucedidos nesta nova estrutura musical, e até mesmo com este arranjo mais sofisticado não deixaram o velho blues de lado. O riff é possante e a musica, embora tenha um formato básico, tem aquelas viradas que só o Led mesmo sabia fazer. A música é praticamente de Jonesy, mas na introdução Page usa o velho arco de violino. Tambem foi utilizado o Gizmotron, inventado pelos musicos da banda 10cc, para criar uma distorção. Na letra Plant fala sobre uma vida com dor e tristeza, que nem mesmo o sucesso e dinheiro aliviam: - “…fico isolado lá em baixo…fico enjoado lá em cima”.

South Bound Saurez, Page muitas vezes insistiu em deixar seus erros nas gravações das músicas, e foi o que aconteceu nesta, apesar que a musica não deixa de ter seus otimos riffs de fundo. Mas há quem diga que as falhas dão um certo drama e sentimento na musica. E se houve falhas do Page, o mesmo não pode ser dito do Bonzo – e a musica pede uma bateria poderosa. A letra foi escrita por Plant e Jonesy, e o título foi publicado com um erro: era para ser ‘suarez’ (festa). e a letra é isso mesmo: musica, dança, doidice, alegria.

fool in the rain, Quem diria, ao escutar o Led Zeppelin III, por exemplo, que o Led um dia faria uma musica com um sambinha? O ritmo foi escolhido por Plant - que já havia pedido mais flexibilidade musical – e inspirado nas batucadas da torcida brasileira que ele escutou na tv durante os jogos da copa de 78. Os críticos como sempre esculhambavam com o Led e surgiu um papo que eles estavam querendo fazer um som do tipo do Carlos Santana. Por causa disto, o Led fez varias versões desta musica até escolher a que foi lançada. Ela fez muito sucesso nos Estados Unidos, mas infelizmente o fim estava próximo e a musica nunca foi tocada pelo Led ao vivo.
Na letra Plant conta que foi se encontrar com a sua amada numa esquina mas começou a chover e ela não apareceu. No fim da musica ele revela que estava esperando na esquina errada, dai o titulo ‘fool in the rain’ – o imbecil na chuva.

Hot Dog, Plant considera esta um tributo ao Texas, musica hillbilly e rockabilly. A musica teve inicio durante ensaios em Londres, e foi feita com a idéia de diversão, numa fantasia do tipo de briga de bar de western. Aqui Plant fala de uma menina que pega um onibus e desaparece: “…ela levou meu coração, levou minhas chaves…eu nunca mais volto ao Texas…” e o grito de “hot dog!” é dedicado aos roadies da turnê Americana do Led. Page disse na época que o grupo sentiu uma necessidade de fazer musica assim depois da fase baixo-astral que tiveram.

Carouselembra, Jonesy é sem dúvida o integrante principal nesta musica de 10 minutos, que foi arranjada durante os ensaios no Castelo de Clearwell, Escocia, em abril/maio de 78. Uma musica mais ambiental, é uma indicação do rumo que o Led tomaria nos anos 80 se Bonham não tivesse falecido. A musica foi esculhambada pela midia e críticos na época, mas hoje é considerada uma das ultimas clássicas do Led: A bateria do Bonham é sólida e perfeita, a double-neck de Page, com o uso do Gizmotron, é poderosa e o teclado de Jonesy assombroso. Plant canta com voz firme e emoção uma letra incompreensível que, depois afirmou, foi deixada aberta para especulação – o significado é místico e dirigido a uma pessoa que um dia vai descobrir seu valor.
“…escutei a palavra, nao pude continuar…nao podia aguentar mais um dia…comovido pela chegada oportuna, despertado do sono guardião, solto o aperto, largo a chave…agora preso a sabedoria, descanso na paz”.
Este é o novo Led, se criando perante os olhos dos fãs, que, de acordo com Page, tinham ficado ‘cegos’ devido ao excesso de familiarização com seus discos anteriores.

All my love, Nesta musica composta por Jonesy e escrita por Plant, uma balada pop inesperadamente revela uma letra poética e cheia de emoção. Quem imagina o que Plant sofreu percebe o significado das palavras nesta homenagem a seu filho Karac:
“Se eu ficar sem amor, e cair na luz, para seguir uma pluma ao vento…no brilho da luz que tece um manto encantado, que movimenta uma linha sem fim…Por muitas horas e dias, que passaram muito depressa…seu é o relógio, minha é a mão que semeia o tempo…dele é a força que repousa no interior…ele é a pluma ao vento”. Esta é uma das poucas musicas do Led que não tem Page como compositor, e nela ele toca com indiferença, como se estivesse fazendo um favor para uma outra banda. Da introdução e solo de sintetizador, até a mudança de tom no refrão final, é como se o Led tivesse voltado aos dias em que tocavam sessões com bandas pops dos anos 60. É também uma indicação do rumo que Plant tomaria nos anos seguintes. Mas não há duvida que sua voz estava mais madura, dependendo menos dos gritos e oh yeahs.
Apesar do som pop, a musica tem o seu valor lírico. Page depois comentou, numa crítica puramente profissional, que não era o tipo de som que o Led gostava de fazer. E os críticos e fãs do hard-rock também reclamaram que o Led não era mais o mesmo. Mas como tudo na vida, o Led estava passando por transformações; o mundo estava mudando; impossível, com tudo que passaram no decorrer dos anos, ficar estagnante e isto tudo não refletir na sua musica.

I'm Gonna Crawl, a ultima musica do ultimo disco do Led – e como se fosse um triste adeus para os fãs, é uma volta as raizes do blues. Composta por Jonesy, a intenção era recriar um ambiente das musicas classicas de soul-blues dos anos 60. A presença de Page é forte, com um solo sinistro que é excepcional. Page e Bonham consideram esta a melhor performance do Plant, e é difícil discordar: seu desempenho é impecável e a força de sua voz é comovente – uma musica digna de ser considerada o ‘swan song’ do Led Zeppelin.


Curiosidades



A idéia original da capa foi do manager Peter Grant. Foi um plano de marketing – é um fato já conhecido que Peter Grant era um homem de negócios bem esperto, sempre um passo a frente.
A idéia era de fazer 6 capas diferentes, cobertas com envelope pardo, a apenas um ‘carimbo’ do Led. A teoria era que os fãs tentariam comprar todas as versões, mas não poderiam ver qual versão que compravam pela capa.
O designer Thorgerson, da agencia Hipgnosis, foi contratado para desenvolver as capas e a idéia foi dele.. Ele sugeriu 6 fotos da mesma cena, tiradas de angulos diferentes.
A cena seria de um homem sentado num banco de bar, queimando uma carta de ‘Dear John’ (ou seja, levando fora da mulher). A agencia Hipgnosis, que já havia sido responsável pelas capas de Houses of the Holy e Presence, construiu uma réplica de um bar do tipo que se encontra em New Orleans.
As fotos foram tiradas da mesma cena, do ponto de vista das 6 pessoas no bar, exceto do homem desolado sentado no banco.

Partes dos créditos pra DENISE.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei a descrição do álbum In Trough The Out Door. Este é o meu disco preferido do Led Zeppelin e confirma a tendencia do grupo, caso o destino cruel não houvesse levado Bonham. Minha preferida, dentre muitas neste álbum, é Carouselambra. Queria muito cncontrar um bar em São Paulo que tocasse na integra este álbum.