quinta-feira, 24 de julho de 2008

Led Zeppelin - Physical Graffiti (1975)


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Senha : musicsharing4all

Em 24 de Fervereiro de 1975 é lançado o Physical Grafitti, Eis que dois anos depois Led zeppelin lança a escola mundial de Riffs de guitarra. O disco duplo é fantástico. Mais difícil de absorver, mas genial.Depois do album Houses of the Holy, o Led sofria com problemas internos: Jonesy pensava em deixar a banda, e apesar das tentativas de esconder o fato do público, a notícia chegou aos fãs, o que fez com que o boato do ‘fim do Led’ se espalhasse em várias ocasiões.
Boatos também surgiram especulando as razões de Jones largar a banda: as bagunças, as brigas, a saudade da família. Mas na verdade, Jonesy apenas imaginava uma nova direção na sua carreira, e pensava em trabalhar como Mestre do Coral da catedral de Winchester, na Inglaterra.
Por fim Jonesy desistiu da idéia, e voltou a ensaiar com a banda em abril de 74, a tempo de dar sua importante contribuição ao projeto PG.
Enquanto os fãs esperavam pelo novo trabalho do Led, grandes mudanças aconteciam no mundo do Rock.
Apesar do Led já ter garantido o seu lugar no pódio, para que não ficasse para tras era preciso que a banda lançasse uma som novo, diferente e que inspirasse a juventude da época. Os críticos na época diziam que o melhor do Led já havia acontecido - e ironicamente, “o melhor” do led havia provocado críticas impiedosas e até predatórias.
Porém, hoje é um fato reconhecido no mundo do rock que o melhor do Led veio com o PG. O disco é um best seller, e ao todo é um trabalho mais forte e mais ousado, exibindo a maior auto-confiança desde o início de carreira do Led.

Até mesmo a capa do album demonstrava um trabalho mais elaborado e ambicioso, e hoje é considerado um dos designs clássicos de “rock art”. Muitas gravuras mostram um humor irreverente, com imagens surreais contendo nudismo, anjos, zepelins, groupies e até os integrantes e o manager Peter Grant, fantasiados de mulheres.
Além de original e divertida, a capa do PG é estruturada, organisada.
O lugar da capa é 97 Saint Mark's Street em Nova Yorque. O edifício tem mais um andar, que foi cortado na foto.
A capa completa contém 64 janelas, cada uma com uma gravura.
O nome do album foi uma idéia de Page, baseada no grafite usado no design da capa, e na energia física investida pela banda neste projeto.
8 musicas do album foram gravadas em 74 na mansão Headley Grange, onde a banda utilizou o estúdio ambulante de Ronnie Lane (Small Faces, The Faces, Texas) ao invés do costumeiro trailer dos Rolling Stones. As musicas formavam um material com mais dos 40 minutos normamente necessários para completar um disco, porém isto nao era o suficiente para completar dois. Portanto, 7 musicas que haviam sobrado das gravações anteriores no Olympic Studios, dos tempos do Led III e Houses, completaram o album duplo.
As musicas Black Country Woman e The Rover foram gravadas na mesma época de D’Yer Mak’er. Bron-Yr-Aur era para ser incluida no Led III; Down By The Seaside, Boogie With Stu e Night Flight tinham sido gravadas para o 4o album.

Custard Pie, Gravada na mansao Headley Grange, na Inglaterra, lugar que oferecia as melhores condiçoes acusticas para o som que Page queria criar.
A musica foi inspirada no blues de Big Joe Williams, ‘Drop Down Mama’, que por sua vez foi inspirada em musicas de Blind Boy Fuller (‘I Want Some Of Your Pie’), e Brown McGhee (‘Custard Pie Blues’).
O título da musica se refere a comédia de pastelao.
Em Custard Pie o Led se mostra definido, pertinente e descaradamente tenaz; o riff é forte e intenso, a bateria é sólida. Page toca seu solo na guitarra atraves de um sintetizador ARP, enquanto a gaita de Plant soa suntuosamente; Jonesy fornece um riff de fundo esperto no clavinete. A voz de Plant é robusta e sagaz. Por incrível que pareça, Custard Pie nunca foi tocada nos shows das turnes do Led, porem tanto o Plant como o Page interpretaram a musica nos shows de suas carreiras solos.


The Rover, gíria em ingles para ‘vagabundo’ - fala sobre a vida de um sujeito que andava por Londres; a letra faz algumas referencias as drogas.
A musica começou como uma versão de Blues acústica, e a letra foi adicionada quando Page e Plant estavam em Bron-Yr-Aur no País de Gales. The Rover foi gravada pra o Houses of the Holy nos estúdios Stargroves (pertencente ao Mick Jagger), mas aquela versão era diferente, mais chegada a original. Como não foi usada no Houses, foi remixada para o Physical Graffiti, com o solo de guitarra adicionado em 1974.
The Rover pode ter começado como Blues, mas foi transformada em um verdadeiro hard-rock dos anos 70, totalmente diferente do estilo do Led em 1969.
Apesar de nunca ter sido tocada ao vivo, alguns bootlegs tem as versões tocadas nos ensaios.


In My Time Of Dying, A melodia foi inspirada na música com o mesmo nome de Bob Dylan, mas a letra foi tirada de ‘Jesus Make Up My Dying Bed’ de Blind Willie Johnson. A parte perto do final, na qual ele fala ‘Oh my Jesus’ não tinha sido escrita, foi improvisada por Plant. Segundo o Page, apesar de já ter sido tocada ao vivo antes da gravação, eles nem tinham certeza de que maneira seria o final da musica no estúdio. O Led gostava de fazer musica assim, como verdadeiros ‘bluesmen’. Porém, Plant passou a evitar a musica depois do acidente que sofreu em 75. Segundo Plant, a música era de ‘mau agouro’.
Na letra Plant pede a Jesus para encontrá-lo no céu com com um novo par de asas, se suas asas falharem. Na música ele também fala com Gabriel e São Pedro, e na verdade a letra é uma confissão, por um homem que não é perfeito (principalmente em relação as mulheres), que ao saber da morte iminente, pede perdão pelos seus pecados. Ao mesmo tempo, bem no estilo de Blues, ele diz “I never did no wrong’, ou seja, ele cometeu pecados, mas nao fez mal nenhum.


Houses Of The Holy, A música que deu o nome ao album anterior do Led, Houses Of The Holy foi deixada para o Physical Graffiti pois tinham dado preferencia a música The Song Remains The Same. Dizem os experts que se tivesse sido incluida no quinto album, teria recebido uma reação melhor da midia.
Uma música altamente improvisada, mas que funciona com uma batida clara e um riff de fácil assimilação.
O nome ‘house of the holy’ significa templo, igreja ou capela, mas neste caso – no plural – se refere a aura espiritual que era transmitida pelos fans nos shows do Led.
‘Houses’ foi gravada e mixada nos estúdios Olympic e Electric Lady em 1972. Pode-se escutar o ruído do pedal da bateria do Bonham nesta música, que infelizmente nunca foi tocada nos shows do Led.


Trampled Underfoot, Uma das músicas favoritas do Plant, Trampled Underfoot causou grande sensação quando foi tocada em Earls Court em 75, e de fato muito se falou sobre esta performance até mesmo anos depois.
A musica desenvolveu-se a partir de uma ‘jam session’ na qual os integrantes transformaram uma melodia relativamente comum num espetáculo com um ritmo possante de FunkRock.
A letra foi levemente baseada na musica Terraplane Blues de Robert Johnson (1936); assim como Johnson, Plant usou automóveis e coisas do genero como metáfora sexual.
Trampled Underfoot foi lançada nos EUA em maio de 75 e chegou na 38a posição nas paradas Billboard. A partir de 75 a musica tornou-se parte essencial dos shows do Led.


Kashmir, é a outra musica (do Led) favorita do Plant.
O título original era Driving to Kashmir; e a música comecou com um riff de Page que ele usava para afinar as guitarras há um tempo, e tinha usado em versões de 'White Summer', 'Black Mountain Side' e 'Swan Song'. Page disse que no comeco da musica estavam só ele e Bonzo, na mansão Headley Grange. Plant, Page e Jonesy atribuem o sucesso da musica a Bonzo.
Na letra, palavras de um viajante, descrevendo o que viu nas suas viagens pela região.
A letra foi praticamente toda escrita pelo Plant (que nunca tinha visitado a região de Kashmir) durante a viagem do LedZep ao Egito. Kashmir é uma das poucas músicas do Led em que usaram outros músicos (neste caso uma orquestra de instrumentos de corda, acompanhando a guitarra Dan Electro de Page, para criar um efeito de musica arabe/oriental), e foi tocada ao vivo pela primeira vez em janeiro de 75 na Holanda, e em todos os shows dali para frente.


In The Light, In The Light foi gravada na mansão Headley Grange e foi criada praticamente toda por JPJ. Nela ele usou o sintetizador VCS, mas nunca pode tocar a música nos shows pois a tecnologia na época não permitia que o som do estúdio fosse reproduzido ao vivo – era praticamente impossível repetir a mesma sintonia no sintetizador. A melodia foi baseada na musica ‘In The Morning’, que a princípio era instrumental. Quando a letra foi adicionada, o nome passou a ser ‘Take Me Home’ – mas embora Jonesy tenha usado a mesma musica, a letra de ‘In The Light’ é totalmente diferente.
O início da musica tem um som épico, dramático, e de fato a musica toda tem um clima heróico e encorajante, com uma letra inspirada na luz da sabedoria, na força e na esperança.
Nesta música Page usou o arco de violino.


BRON-YR-AUR, Originalmente gravada para o terceiro album em 1970, Bron-Yr-Aur foi um trabalho de Page é uma música instrumental e bem diferente de Bron-y-aur Stomp, inclusive no nome; Bron-y-aur é a maneira correta de escrever a expressão que significa ‘raios de sol’, enquanto que Bron-Yr-Aur é a maneira em que foi escrito o nome da casinha onde o Led se hospedou, e onde o Plant passava as férias na sua infancia. Mas segundo os ‘experts’, Bron-Yr-Aur nao deveria ter hifens porque é nome de lugar.
Foi a última música acústica gravada pelo Led e quase não foi tocada ao vivo. Contudo pode-se encontra-la em alguns bootlegs.
Bron-Yr-Aur é uma música criativa e jovial, tocada com seriedade e autenticidade; Page deixou os barulhinhos das cordas e algumas peculiaridades na música propositalmente, para que ficasse um som tipo ‘ao vivo’.


Down By The Seaside, Outro produto das sessões Bron-Yr-Aur de 1970. A música é uma homenagem ao Neil Young e uma de suas musicas, Down By The River. A intenção original era de ser acústica, porém durante as sessoes do 4o album a música foi gravada na versão elétrica. Após varios debates, a banda decidiu que o produto final era de baixo padrão, e foi excluida do album.
Durante uma das discussões sobre o material do PG, Plant sugeriu que a banda reavaliasse Down By The Seaside para possível inclusão no album. Inicialmente os outros integrantes riram da idéia, mas por fim aceitaram a música para inclusão com certas modificações, como o teclado elétrico de Jonesy para tornar o estilo da música um pouco mais ‘country rock’. Esta é mais uma música experimental do Led que nunca foi tocada ao vivo.


Ten Years Gone, Plant escreveu a letra inspirando-se no primeiro amor de sua vida; uma mulher que, dez anos antes, faria uma pergunta fatal para o relacionamento – fez Plant escolher entre ela ou a carreira. A carreira ganhou, lógico, assim como nós, os fãs.
A musica começou instrumental, e Plant depois adicionou sua letra. Dizem os experts que esta é a famosa ‘Swan Song’, uma musica instrumental gravada pelo Led na mesma época, mas que não foi usada no album.
Na musica Page usou 14 faixas de guitarra sobrepostas. Quando tocada ao vivo em 77, Jonesy usou uma guitarra de 3 braços com pedais de baixo. O instrumento foi feito especialmente para Jonesy pelo Andy Mason, que era especialista em guitarras.
Mas era um instrumento difícil de tocar, e no fim foi abandonado pela banda.
Ten Years Gone foi uma musica trabalhosa, feita de várias composições que Page havia feito anos antes. A banda precisou concentrar-se muito para toca-la, e depois dela sempre tocavam qualquer coisa mais descontraída; desta musica saiu a inspiração para ‘Custard Pie’ e ‘Trampled Underfoot’. Ainda em 77, o Led parou de tocar Ten Years Gone nos shows; porém eles ressucitaram a musica no knebworth em 79.


Night Flight, Com um ritmo rápido que é uma reminiscencia das musicas do estilo boogie, Night Flight exibe, nas suas paradinhas retóricas e meio pretenciosas, uma certa jovialidade típica de Mod Rock – como The Who. Porém, o som do órgão de Jonesy acrescenta um tom de Pub-Rock, mais modesto e humilde.
Uma musica praticamente de Jonesy, Night Flight foi gravada na mansão Headley Grange com o estúdio ambulante dos Rolling Stones, em 1971.
Uma outra versão da música tinha sido gravada com mais vocais de fundo. A música era para ser incluída no Led IV mas foi deixada de lado devido a falta de espaço.
Night Flight nunca foi tocada nos shows do Led, embora tenha sido tocada nos ensaios da turne Americana de 73.


The Wanton Song, Uma música sobre sexo – ‘wanton’ significa desibinida, maliciosa, imoral – que Plant interpreta com uma energia adequadamente empolgante. A música se desenvolveu a partir de uma ‘jam’ session durante os ensaios. No produto final Page usa o eco em retrocesso e sua guitarra com as caixas Leslie, gerando um efeito que geralmente era criado com o órgao Hammond.

Boogie With Stu, O ‘Stu’ da música era o Ian Stewart, manager dos Rolling Stones e pianista de Blues, que faleceu em 1985. Stewart era muito amigo da banda e era amante de Blues e Jazz. Ele realmente fez parte dos Rolling Stones, até que um dia o manager na época, Andy Oldham, resolveu que sua imagem não tinha nada a ver com os Stones. Forçado entao a trabalhar por tras dos bastidores, Stewart nunca perdia uma oportunidade de colocar em prática o seu talento musical.
No caso de Boogie With Stu, a musica foi gravada em 1971 quando o Led usava o estúdio dos Stones em Headley Grange. Stewart apareceu na mansão um dia, e sentou-se ao velho piano no salão principal. O piano estava muito desafinado, e Stewart começou a tocar umas notas para afinar. Enquanto isso, Page o acompanhava com o mandolin e a gravação foi feita deste improviso. Plant tocava violão e cantava a letra improvisada, baseada na música 'Ooh My Head' do Richie Valens (que por sua vez baseou sua música na 'Ooh My Soul' do Little Richard). Bonzo foi acompanhando o canto de Plant. Alguns truques de estúdio foram usados para criar o produto final, mas o resultado é simplesmente perfeito: imagina-se Stewart tocando num Pub com as devidas garrafas de cerveja vazias em cima do piano. Este foi o efeito desejado, e as gargalhadas foram deixadas no final da faixa propositalmente para que a música soasse com autenticidade.


Black Country Woman, Apesar de ter sido incluida no album Physical Graffiti, Black Country Woman foi gravada na mesma época que D'yer Mak'er e The Rover, originalmente para o album Houses Of The Holy. O título original era Black
Country Woman (Never Ending Doubting Woman Blues), uma referencia ao ultimo verso da música, que foi apagado na versão do vinil.
A região do `Black Country' fica perto de Birmingham, na Inglaterra, onde Plant morava. Tem este nome por causa da indústria de carvão e minérios na região.
Esta peça acústica foi gravada no jardim da mansão Stargroves, do Mick Jagger. No começo da gravação ouve-se um avião passando, e uma conversa entre o engenheiro de som Eddie Kramer e Robert Plant. Em Black Country Woman Jonesy toca o contra-baixo.


Sick Again, Música inspirada nas ‘groupies’ que seguiam o Led pra cima e pra baixo, competindo por atenção. Plant, apesar de ser casado na época, não escondia o fato que as groupies, algumas bem jovens, ofereciam ‘favores’ aos músicos – favores estes que muitas vezes foram aceitos.
É a unica musica do Led que chega perto de ‘glam rock’, meio estilo TRex, meio funky. Infelizmente o vocal do Plant está enrolado na mixagem, encoberto pela guitarra ‘maliciosa’ do Page.
A música foi tocada ao vivo frequentemente nas turnes de 75 e 77. Em um dos shows, os quatro se vestiram de mulheres (um deboche bem do estilo do Mark Bolan do Trex, coisa de Glam Rock).
No fim da música ouve-se uma tosse, que é do Bonham.


Curiosidades

O edifício na capa fica na 97 Saint Mark's Street em Nova Yorque. O edifício tem mais um andar, que foi cortado na foto para a capa.
A capa completa contém 64 janelas, cada uma com uma foto. Muitas figuras mostram o humor irreverente dos integrantes, como por exemplo, uma foto em que estão fantasiados como mulheres.
Mike Doud, Peter Corriston foram os designers que tiveram a idéia original;
Elliot Erwitt, B.P. Fallen - fotografia;
Maurice Tate foi o cara responsável pelo acabamento, que 'tingiu' a foto
Dave Heffernan - ilustrações nas janelas.


Um comentário:

Ljose disse...

Muito boa essa resenha! Espero que nunca tire essa página do ar. Não existe quase nada em português com essa qualidade. Parabéns!